HÁ 100 ANOS O BRASIL SOFRIA COM UMA GRANDE PANDEMIA



Fonte: Brasil Escola 

Há 100 anos chegava ao Brasil uma doença altamente infecciosa que se alastrou rapidamente pelo país obrigando as autoridades sanitárias a tomar uma série de medidas visando impedir sua disseminação.

A Europa e os Estados Unidos já contabilizavam um número assustador de pessoas contaminadas e milhares de vítimas fatais.

Diversas publicações com recomendações de segurança foram divulgadas à população pelos órgãos oficiais de saúde do governo, entre elas, estavam “fugir das aglomerações”, “não frequentar teatros e cinemas”, “não fazer visitas” e “tomar cuidados higiênicos”. Ao mesmo tempo, escolas, cinemas e teatros foram fechados

E o Governo edita uma instrução: "CONSELHOS AO POVO"


Fonte: Brasil Escola


Estamos falando da Gripe Espanhola.

Gripe espanhola ou Influenza Hespanhola, foi o nome dado por alguns países à pandemia de vírus influenza que se espalhou pelo mundo entre 1918 e 1919 e tem sido considerada uma das mais devastadoras e letais da história.

A denominação de Influenza Hespanhola vem do fato de que a Espanha, ao contrário de diversos outros países, divulgou amplamente informações sobre a gripe gerando a impressão que seria o epicentro da enfermidade.

Ela se alastrou às mais diversas regiões do planeta com um número estimado de 20 milhões de vítimas (porém, alguns estudiosos calculam que cerca de 50 milhões de pessoas possam ter morrido pela ação do vírus).

A UFRGS divulgou em sua página eletrônica que “(...) Em relação ao número de doentes, as dificuldades para o cálculo são ainda maiores e os números, mais assustadores: supõe-se que teriam adoecido pelo menos 600 milhões de pessoas.




Fonte: Brasil Escola

Acredita-se que 1/3 da população mundial tenha sido afetada.

No Brasil, as consequências da enfermidade foram igualmente devastadoras.

Com sua chegada por volta de setembro de 1918 espalhou-se pelos grandes centros, sobretudo por Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

A cidade de São Paulo, por exemplo, pode ter contado com até 350 mil pessoas infectadas, mas, infelizmente, todo o país foi atingido, inclusive regiões remotas, como a Amazônia.

Personalidades importantes da época também foram atingidas, Rodrigues Alves, 5º presidente da República, faleceu em 1919 vítima da gripe, antes de assumir o seu segundo mandato presidencial.






Segundo o site Brasil Escola, A pesquisadora Christiane Maria Cruz de Sousa afirma que a gripe espanhola se espalhou em três ondas de contágio, entre março de 1918 e maio de 1919.

Entre essas ondas, a segunda, iniciada em agosto de 1918, foi a pior delas, pois foi a mais contagiosa, causando a morte de milhões de pessoas.

Ainda segundo o site Brasil Escola: a segunda onda de difusão da gripe espanhola tornou a situação alarmante em diversas partes do planeta porque a quantidade de infectados disparou e os sintomas registrados tornaram-se muito graves, o que contribuiu para que a taxa de mortalidade aumentasse bastante. 

Aqueles que ficavam doentes apresentavam febre, dor no corpo, coriza, tosse, entre outros sintomas.

Nos casos mais graves, os pacientes apresentavam graves problemas respiratórios, dificuldade para respirar e, até mesmo, problemas digestivos e cardiovasculares. Foram registradas também pessoas que se recuperaram da doença, mas contraíram de novo com sintomas agravados.

Os médicos procuravam tratar os pacientes da forma que fosse possível, mas o conhecimento médico na época ainda era muito limitado.

Vamos a uma pequena comparação entre as duas situações, e, assim, podermos fazer uma reflexão sobre o aprendizado assimilado pela geração que nos antecedeu e os conhecimentos adquiridos atualmente:

A enfermidade foi importada;
Teve uma grande capacidade de transmissão;
As autoridades sanitárias publicaram uma série de recomendações à população;
Foram adotadas as seguintes medidas de prevenção:
       o “fugir das aglomerações”,
       o “não frequentar teatros e cinemas”, 
       o “não fazer visitas” e 
       o “tomar cuidados higiênicos”. 

Ao mesmo tempo, escolas, cinemas e teatros foram fechados…
proibição da realização de eventos públicos, inclusive festividades e cultos religiosos.
Alegava-se que a enfermidade era de baixa mortalidade;
Com predominância de sintomas graves nos idosos;
Criação de conceito popular de que era para a “eliminação da parte idosa da população” (“limpa-velhos”)
Teoria que a moléstia fora criada artificialmente pelos alemães...
Boatos de “Guerra Biológica”;
Superlotação do sistema de saúde;
Os diferentes sintomas da moléstia levaram a opinião médica a dividir-se quanto à forma de tratamento a adotar, fragmentando o discurso da comunidade médica (Moncorvo Filho, 1924; Moreira, 1919; Bastos, 1919; Pinto, 1919; Meyer e Teixeira, 1920).
Alguns médicos, sem saber que tipo de estratégia de combate estabelecer para a moléstia reinante, passaram a defender que o isolamento dos doentes "se impõe como a primeira medida de higiene" (Azevedo, 1919, p. 15).
A espanhola colhia os indivíduos, sobretudo entre 20 e 40 anos, causando surpresa aos círculos médicos
•      Construção de hospitais provisórios;
•      Crise política;
•      Muitos óbitos.


Fonte: https://site scielo/

O certo é que a espanhola se traduziu, aos olhos do mundo, no maior exemplo, até mesmo pedagógico, de que vivemos relações biológicas que nem sempre podem ser controladas; e de quão negativos podem ser os efeitos da interdependência social (Elias, 1993, 1994; Hochman, 1998).

Se, de um lado, a epidemia acarretou uma série de insatisfações com a atividade política das elites governantes e com suas políticas sociais, de outro, tornou possível um maior controle sobre a medicina oficial, acabando por transformar esse grupo de higienistas nos únicos atores capazes de encontrar uma solução para a crise instaurada pelo evento.

Este acabou por desencadear uma revalorização do conhecimento sanitário. Assim sendo, a colaboração desses homens de ciência seria mais uma vez requisitada pelas elites dominantes, em seus projetos políticos e administrativos, visto que o grupo em questão detinha um capital político e social necessário para lidar com os problemas então desencadeados.

- SILVA, Daniel Neves. "Gripe espanhola"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/i-guerra-mundial-gripe-espanhola-inimigos-visiveis-invisiveis.htm. Acesso em 22 de maio de 2020.

Comentários